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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Caso Tenorio III



" (...) A sensação de ovulação causa enorme desconforto, por isso passou desde 2009 a comprar ampolas de esteróides à base de hormônio masculino. "De três em três semanas recomeço com o ciclo de testosterona. Durante mais de um ano tomava na clandestinidade, só agora um endocrinologista da rede pública se sensibilizou com a minha situação e passou a me receitar", fala. Segundo ele, a questão transexual ainda é mal assimilada pelos profissionais de saúde. "Sei da importância do acompanhamento médico, mas o serviço de saúde público e particular é muito problemático, a maioria não entende a questão trans", diz.

De acordo com ele, no Norte/Nordeste não é possível ter acesso à cirurgia transgenital (outro nome para "mudança de sexo") pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Pernambuco, há a possibilidade através do Hospital das Clínicas da UFPE. "A metodologia adotada pelo SUS é muito mais abrangente, já a regras básicas sugeridas pelo Conselho Federal de Medicina - bem mais restritas-, é a única que o serviço do Hospital das Clínicas tem obrigação de seguir, o que dificulta o processo de transexualização”, fala. Segundo ele, fosse através do SUS, o serviço teria muito mais recursos e o acesso seria mais amplo.

Além da batalha pelo atendimento médico, Leo ainda tem que transpor o preconceito social e familiar. "A questão transexual acaba sendo vista de forma pejorativa porque não é analisada em toda sua complexidade", fala o jovem que atualmente mora na casa dos avós sozinho.

Para Leo é um tormento ter que assinar a ata de presença com o seu nome de registro no curso profissionalizante em Webdesign que faz atualmente. “Também é um tormento o ponto eletrônico no trabalho, que emite o meu nome de registro no display, eu sempre tenho que ficar na frente e tampar com a mão para as pessoas não verem”, fala o hoje funcionário de recepção da Coordenação de DST/Aids da Secretaria de Saúde do Estado. Por isso ele lembra da importância que de se poder criar um nome social, para quem ainda não mudou a documentação.

Mas mesmo ainda um pouco acuado, Leo não para. Trabalha, estuda e se aproxima dos movimentos sociais. "É uma pedra gigantesca na minha vida e que vai demorar muito para ser tirada do meu caminho", comenta o mesmo Leo, fundador da Aliança LGBT de Pernambuco, e membro ativo dos Coletivos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais Socialista, do LGBT do PCdoB e recém eleito delegado da 2ª Conferência Municipal da Livre Orientação Sexual do Recife, marcada para ser realizada nos dias 18 e 19 agosto.



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