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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Agnésia Vaginal 3


Paciente no 40º dia de pós-operatório, apresentando alargamento do terço médio da cicatriz bilateralmente.

Reconstrução vaginal pelo retalho neurovascular pudendo crural na síndrome de Rokitansky

Autores: Marilho Tadeu Dornelas1; Fabrizio Romagnoli de Arruda2; Ludmila Leite Sant'Anna2; Gabriel de Mendonça Netto2; Rodrigo Gomes de Souza2; Dequitier Carvalho Machado3; Marilia de Pádua Dornelas Correa4; Marcília de Cássia Dornelas


Descritores: Vagina/anormalidades. Vagina/cirurgia. Retalhos cirúrgicos.

RESUMO:

Introdução: Agenesia vaginal relacionada à síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster- Hauser (MRKH) ocorre na proporção de 1 para cada 4000 ou 5000 nascimentos femininos, causando grande limitação à vida afetiva da paciente. O manejo da agenesia vaginal inclui acompanhamento psicológico e reconstrução vaginal. Objetivo: Mostrar a experiência do Serviço com a técnica do retalho neurovascular pudendo crural para reconstrução vaginal no tratamento de 8 pacientes com síndrome de Rokitansky.
Método: Apresentam-se oito casos de síndrome de Rokitansky em que a reconstrução vaginal foi realizada pelo retalho neurovascular pudendo crural, chamado retalho de Cingapura. O período de acompanhamento pós-operatório variou de 6 meses e 3 anos. 
Resultados: Uma neovagina funcional de, no mínimo, 10 cm de profundidade e 5 cm de diâmetro foi criada em todos os casos. Apesar da queixa de dor local de moderada intensidade no pós-operatório imediato, as pacientes apresentaram-se satisfeitas com os resultados. As relações sexuais foram liberadas no 40º dia de pós-operatório, sem relatos de sangramento ou dor. Três pacientes apresentaram crescimento de pêlo no intróito vaginal. 

Conclusão: A técnica do retalho de Cingapura permitiu a reconstrução vaginal sem a necessidade de dilatação pós-operatória, mantendo a inervação do períneo e com cicatrizes pouco perceptíveis.(...)

A síndrome de Mayer-Rokitansky-kuster-Hauser caracteriza- se por útero e tubas uterinas rudimentares, ausência total ou parcial da vagina, anomalias no trato urinário e alterações na coluna cervical. A vulva, derivada do seio urogenital, e os ovários apresentam-se usualmente sem alterações4-6. Ocorre falha no sistema de tubos Mullerianos devido à resposta insuficiente aos hormônios secretados pelos ovários; não existe anomalia genética7,8. Podemos encontrar três tipos9:




  • Tipo I: Vagina e útero estão ausentes ou rudimentares. Os caracteres sexuais secundários surgiram na época esperada e a falta de menstruação e/ou a impossibilidade do coito levam-na ao médico. É a mais frequente.
  • Tipo II: A anomalia é apenas ou principalmente do útero, o coito é possível, às vezes doloroso, e a amenorréia primária é o motivo da consulta.
  • Tipo III: A anomalia é apenas vaginal. O quadro clínico consiste em ausência de menstruação, surgimento de cólicas e, posteriormente, de dores contínuas e progressivas com exacerbação cíclica, caracterizando hemoperitôneo. Intervenção cirúrgica até mesmo de urgência é indicada. Diagnóstico diferencial com hímen imperfurado é importante.(...) Neste   trabalho, apresentamos nossa experiência em oito casos de reconstrução vaginal com retalho neurovascular pudendo, detalhando a técnica utilizada. Foram submetidas a cirurgia oito pacientes, com idade variando entre 18 e 28 anos, sendo sete brancas e uma negra. Em todos os casos, o diagnóstico de agenesia vaginal já estava previamente firmado, de 2 a 6 anos. Todas as pacientes tiveram o diagnóstico por volta dos 18 anos de idade, exceto a 4ª paciente, cujo diagnóstico se deu por ocasião do seu casamento, aos 22 anos de idade. Para fins deste estudo, incluímos apenas as pacientes com genótipo feminino e que apresentavam vagina e/ou útero rudimentar ou ausente. Logo, os casos de pseudohermafroditismo masculino e as pacientes com síndrome de Rokitansky tipos II e III foram excluídas.(...) Todas as pacientes operadas evoluíram bem, a neovagina apresentou no mínimo 10 cm de profundidade e 5 cm de diâmetro. Não houve casos de hematoma, infecção ou deiscência de sutura. A principal queixa no pós-operatório imediato foi de dor local de moderada intensidade, que respondeu bem aos analgésicos comuns. As pacientes deambularam no segundo dia de pós-operatório. O curativo  foi retirado a partir do 2º dia de pós-operatório, utilizando-se Neomicina e Bacitracina tópicas nas áreas suturadas e externamente. As pacientes permaneceram hospitalizadas por período curto, variando entre 2 e 3 dias. O exame especular e o toque bidigital puderam ser realizados sem grande desconforto para as pacientes com 40 dias de pós-operatório (...) O acompanhamento  pós-operatório variou entre 6 meses e 3 anos, não sendo observadas alterações significativas na neovagina, exceto crescimento de pêlos no intróito vaginal de 3 pacientes. As relações sexuais foram liberadas com 40 dias de pós-operatório, não havendo relatos de dor ou sangramento.

  •  Matéria completa no site original:
  • http://www.rbcp.org.br/imagens/v25n3a21fig10.jpg


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