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segunda-feira, 3 de setembro de 2012




Casal homossexual adota quatro irmãos

em Ribeirão Preto




João Amâncio e Edson Torres já tinham a guarda provisória das crianças há mais de dois anos. Conheça a história do casal e dos quatro irmãos

Simone Tinti






Juntos há 17 anos, o casal homossexual João Amâncio e Edson Torres conseguiu mais uma decisão favorável da Justiça em casos de adoção na última terça (13). A guarda definitiva dos quatro irmãos adotados pelos cabeleireiros foi concedida pelo juiz Paulo César Gentile, da Vara da Infância e da Juventude de Ribeira Preto, interior de São Paulo. 

As crianças viviam com o casal sob guarda provisória desde 2006. Agora só faltam as certidões de nascimento dos irmãos: Suellen, de 12 anos, Caroline, de 10, William, de 8, e Beatriz, de 6 anos. Eles ganharão dois pais e o sobrenome Amâncio Torres. Os quatro irmãos viviam no abrigo desde 2003 e tanto a idade quanto o fato de a legislação priorizar a união de irmãos atrapalhou o encaminhamento para outras famílias - que geralmente dão preferência a bebês. Veja a entrevista que João Amâncio deu à CRESCER: 

CRESCER: Como vocês tomaram a decisão de adotar? 

JOÃO AMÂNCIO: Eu já convivia com os dois filhos biológicos do Torres (Sonia, hoje com 20 anos, e Paulo Augusto, de 18) e também queria ser pai. Mas, desde o início, a decisão foi tomada por nós dois. A idéia, inicialmente, era adotar dois meninos. Mas, em uma das visitas ao abrigo, conheci a Suelen, que hoje tem 12 anos. Ela se apegou muito a mim e ao Torres e chegou a mandar uma carta para o juiz dizendo que gostaria de ficar com a gente. 

CR: E como decidiu ficar com os quatro irmãos? 

JA: O juiz disse que, se não pudéssemos ficar com os quatro, poderíamos dividir a adoção dos irmãos com algum amigo ou conhecido, mas não encontrei quem quisesse adotar dois de uma só vez. Então, eu pensei nos meus irmãos - somos 15 filhos - e resolvi ficar com todos. Já tinha espaço na casa, só faltava um carro para caber tanta gente. Foi uma decisão tomada com base no amor. E o fato de eles já serem mais velhos facilitou o processo de adoção. 

CR: As crianças já estão com vocês há dois anos. Como foi a adaptação da família? 

JA: No começo surgiram dúvidas comuns a qualquer pai. Eu ficava me questionando se estava fazendo algo de errado na educação deles, se iria dar conta...Mas, mesmo antes de obter a guarda, deixei bem claro que a escolha também era das crianças. Em todas as reuniões com a assistente social, eu sempre dizia para elas não mentirem e dizerem o que estavam sentindo. Eu digo que também fui escolhido por elas. 

Hoje, e já nos chamam de pai (“pai John” e “pai Torres”) e posso dizer que ganharam uma família cheia de carinho. E, como todo pai, eu não durmo quando estão doentes, mas também dou sermão quando é preciso. 

CR: E como é a rotina com quatro crianças em casa? 

JA: Temos uma babá, que ajuda na hora da alimentação, da lição de casa...No fim do ano foi uma correria, pois nós trabalhamos muito e chegávamos tarde em casa. Mesmo assim, conseguíamos vê-los de manhã. Agora em janeiro está tudo mais tranquilo. E todos passaram de ano com boas notas.



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