Falando sobre tudo

Falando sobre tudo

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Tenho desejos com mulheres, me assumo ou reato meu casamento?




Sou uma mulher casada e tenho um casal de filhos. Depois de 10 anos de casamento, meu marido e eu, somos praticamente amigos, dormimos em quartos separados e mantemos apenas a aparência.  Sinto um desejo enorme por mulheres e até tenho feito minhas investidas em sala de lésbica, para ver se realmente é isso que gosto e quero. Tenho medo de gostar mesmo disso e destruir meu casamento, o que me aconselha?

Mulher Indecisa - por e-mail

Obrigada Mulher Indecisa, por ser nossa leitora.Vamos tentar responder tal questionamento, mas lembramos a você que não somos sexologos, psicologos ou psiquiatras, apenas um grupo de mulheres ( biologicamente, claro) que pesquisam, estudam e gostam e desejam ajudar outras mulheres (biologicas) nas questões sexuais, quando se trata do mundo, digamos, gay. 
Muitas de nos, fomos casadas com Homens (biologicos) e tivemos filhos e temos netos, inclusive. Antigamente, em um passado não muito longe, tinhamos que negar nossa identidade e orientação sexual, pois homossexualismo era tido e tratado como doença de ordem neurologica.  Muitas de nos, foram arrastadas a consultorios psiquiatricos e algumas até internadas para tratarem do " desvio sexual" que acometia. Era bem desse jeito. Então, muitas se casavam com Homem ( biologico) para enganar ou para fugir do chamado " doente neruológico, perversão sexual ou desvio de conduta entre outras. 
Hoje, ja não é mais preciso tal fuga e muitas mocinhas iniciantes até podem gritar a sociedade sua orientação e identidade sexual sem medo de ser taxada de pervertida ou doente. 
Li, um artigo na revista  O Globo, de domingo, 09/06/2013, em que o psiquiatra Dr. Alberto Godin, respondendo a uma de suas leitoras, com questionamentos muito parecidos com os seus, explica bem essa situação que percebemos que muito a aflige e transcreveremos parte do artigo e ao final o site para que você obtenha maiores informações sobre o texto ou a questão em si.

" (...) Os desejos homossexuais, dependendo da sua intensidade e localização oferecem diferentes destinos. Quando são intensos, nítidos e conscientes, assumem o comando da vida amorosa. Casamentos convencionais terminam quando um dos cônjuges decide assumir suas preferências. Nestes casos, o  primeiro casamento não passa de uma tentativa esforçada de se adaptar à sociedade e, em tempo, assumem sua verdadeira identidade. Já quando estes desejos permanecem encobertos pela repressão, podem se tornar presentes para seus protagonistas sob outras modalidades, como frigidez, obesidade, ciúmes, depressão ou outros infinitos e criativos formatos. Infelizmente quando o desejo homossexual se transforma em outras modalidades, não é reversível, não cura, em gesto libertário, seu protagonista se submete a uma experiência homossexual. Pelo contrário, pode agravar o quadro e o que precisa é de um trabalho terapêutico, às vezes demorado, para elaborar e resolver estes conflitos. 

Miriam não foi uma esposa neurótica, não infernizou seu marido com as negativas da frigidez, obesidade ou ciúmes, certamente porque seus desejos homossexuais não foram suficientemente intensos, nem reprimidos, apenas adiados e esta estratégia, voluntária ou não, possibilitou uma excelente vida em família, mesmo que consciente dos seus desejos, tendo realizado com sucesso seu projeto familiar. 
Assumir a homossexualidade é, sem dúvida, difícil, porém é ainda mais difícil ser um neurótico que não sabe que tem desejos homossexuais. O labirinto psíquico é generoso com os desejos liberados e cruel com os reprimidos, simplesmente porque não sendo reversíveis, não podem ser satisfeitos, já que nunca recuperam seu formato original. 

As neuroses originadas pela repressão de desejos homossexuais se resolvem no divã, não na cama. Miriam não reprimiu, adiou suas preferências e sua estratégia foi eficaz, evitando as armadilhas neuróticas. Por esse motivo foi feliz no seu casamento e também poderá ser bem sucedida nas próximas opções. No entanto, infelizmente, sua nova realidade não a libera do luto de perder os suportes afetivos do seu passado, nem da ameaça de solidão ou de um arrependimento maciço. São os riscos que correm aqueles que têm a coragem de assumir seus desejos. Sem neurose não há freio, é possível avançar rapidamente, escalando montanhas, ou caindo no abismo. A distância é a mesma. Uma ascendente, a outra... Não."


Espero poder ter ajudado,

Beijos Carinhosos

Vitoria ACosta

Nenhum comentário:

Postar um comentário